Novembro - 2023 - Edição 297

Elis & Tom, uma dupla notável

Quando terminou a exibição do filme Elis & Tom, no Kinoplex Leblon, o público explodiu em aplausos calorosos. De fato, a obra dos diretores Roberto Oliveira e Jom Tob Azulay mereceu a homenagem. Foi muito bem feito, sob todos os aspectos.

A complexidade da cantora gaúcha não seria de fácil manuseio. São várias as passagens em que ela se revolta, dentro e fora do país, com os seus parceiros de aventura, mas a moral da história é que ela acabou domada pelas habilidades do grande compositor. Entre beijos e abraços, foi possível avançar na produção de álbuns que ficaram para a história.

Elis foi, sem dúvida, a maior cantora brasileira de todos os tempos. Os seus trabalhos acabaram se harmonizando com a competência musical de Tom Jobim, que teve também o mérito de valorizar os dotes profissionais de Cesar Camargo Mariano, como se comprova no filme referido.

As músicas apresentadas, no auge da Bossa Nova, fazem parte da história da música brasileira. Todas são peças impecáveis.

Desfilam no filme figuras do nosso panteão, como Elis Regina, Tom Jobim, Frank Sinatra, Roberto Menescal, Cesar Camargo Mariano, André Midani (meu particular amigo), Ronaldo Bôscoli, inspirado compositor, bisneto de Chiquinha Gonzaga e que acabou casando com Elis Regina. Viveram juntos perto de cinco anos. Há uma historinha de que participei. Como era um bom amigo do Bôscoli, fui procurado por ele, depois dos primeiros anos de casamento. Eles tinham tido um filho (João Marcelo), mas ela não admitia que o Ronaldo fizesse as convencionais visitas. Acontece que o advogado dela era meu íntimo amigo (Paulo Fabião). Depois de um jeitoso telefonema, levantei essa proibição.

As músicas gravadas por eles estão aí, fazendo sucesso até hoje. Mesmo não sendo um grande cantor, Tom dava a sua indispensável contribuição com os seus geniais arranjos, que fizeram sucesso também nos Estados Unidos, como garantiu o especialista André Midani.

Quando entrevistei Elis para a Manchete, na década de 1960, era o início de uma carreira que até poderia ou não dar certo. Mas depois, sinceramente, ela se firmou como profissional competente e ganhou o seu espaço nacional e internacional. Não mereceu o seu triste e lamentado fim.