Janeiro - 2023 - Edição 287

O novo Ensino Médio

Nos países desenvolvidos, há uma clara valorização do ensino técnico-profissional. Nem todas as atividades necessitam de profissionais de nível superior. Muitas se bastam em nível médio. Podemos citar o exemplo do que vimos no estado de Israel, em visita feita à escola Aron Singalovsky, em Tel Aviv. Dos seus 5 mil alunos, só 1/3 ascendiam ao nível superior. Todos os demais alunos, com uma profissão final de nível intermediário, eram empregados tranquilamente em atividades igualmente nobres e bem remuneradas, especialmente nos campos da robótica e da informática. Assim ajudavam o desenvolvimento do país.

Estamos diante de um novo ensino médio, que começará a ser aplicado em 2023. Com uma série de desafios, a começar pelo fato de que as matérias passarão a ser agrupadas por áreas de conhecimento. As matrizes do conhecimento serão as seguintes: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e ciências humanas e sociais aplicadas. As matérias atuais serão mantidas, mas somente língua portuguesa e matemática serão obrigatórias nos três anos do ensino médio.

Uma das principais inovações é em relação aos itinerários formativos, conjuntos de aulas e atividades oferecidas pela escola. Depois de três anos, os alunos receberão certificados do ensino médio e do curso técnico ou profissionalizante que escolheu. As áreas do conhecimento, no limite máximo de 1.800 horas totais nos seus três anos, serão complementadas pelos itinerários formativos, que ocuparão os 40% restantes, totalizando 1.200 horas, oferecidos no contraturno. Nesse processo de desburocratização do ensino médio, haverá novas disciplinas, como empreendedorismo social, direito, cidadania e mecatrônica, além de oficinas de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), meio ambiente, digital, matrizes energéticas e sustentabilidade, entre outras. Tudo isso sem esquecer novas atividades em laboratórios e oficinas, necessários mais do que nunca.

Assim se pretende tornar as aulas mais atrativas. Os alunos poderão decidir sobre os seus projetos de vida, o que antes não era permitido. Surgem novidades como escritas criativas e matemática olímpica; oratória; robótica e academic options (quatro disciplinas que os alunos escolhem dentro de um leque de possibilidades). Um bom ensino oferece projetos de pesquisa, oficinas de artes, audiovisual, teatro, música, dança, robótica e ativismo, além de uma segura orientação profissional. Como se vê, saímos de uma educação generalista para algo bem concreto, como nunca se viu. São novos tempos.