Agosto - 2020 - Edição 258

Um pastor no comando da educação

Com um ano e meio de mandato, o presidente Jair Bolsonaro tem hoje o seu quarto ministro da Educação. Trata-se do pastor Milton Ribeiro, de 62 anos, paulista, formado em Direito e Teologia, Doutor em Educação pela USP, mestre em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, da qual foi vice-reitor. Em matéria de currículo, talvez somente se pudesse desejar um pouco mais de experiência em gestão pública.

Ele terá o apoio da bancada evangélica, tem um perfil conciliador e enfrentará grandes desafios, como a volta às aulas, a votação do Fundeb, que mexe com a educação básica em 4.800 municípios, a implantação do novo ensino médio, os exames do Enem, o bloco curricular, a realidade do ensino público e o aperfeiçoamento da formação de professores e especialistas. Devemos dar um crédito de confiança ao novo titular. A sua formação na Universidade Mackenzie é altamente respeitável. Conheço essa instituição, pois nela militou por mais de 30 anos o meu irmão mais velho, Sylvio, responsável pela cátedra de Geometria Descritiva nos cursos de Engenharia e Arquitetura. Dela foi reitora e a primeira mulher ministra da Educação, a professora Esther Figueiredo Ferraz, de notáveis serviços prestados ao país. Com ela tive o prazer de conviver no então Conselho Federal de Educação.

O professor Milton Ribeiro é membro da Comissão de Ética da Presidência da República e tem duas especializações em Velho Testamento. Já era, pois, figura conhecida do atual governo. O que se deseja é que construa pontes entre o MEC (que tem para este ano uma verba de 118 bilhões de reais) e as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, para alcançar uma educação de qualidade, como hoje acontece na Coreia do Sul, no Canadá, em Taiwan e outros países que podem servir de exemplo. Queremos o Brasil como uma potência em educação, com base num magistério grandemente fortalecido. Terá uma atenção especial aos resultados dos exames Pisa, nas áreas de português e matemática. O Brasil tem estado atrás dos 50 primeiros colocados, o que seguramente é insustentável.

E certamente estará atento as 20 metas prioritárias do MEC (estabelecidas pelo INEP). Realizamos apenas 13,4% do pretendido. É muito pouco.