Novembro - 2023- Edição 297

As Joias Desaparecidas

Em 1948, aos 13 anos, João Carlos Marinho Silva, como ainda assinava na época, escreveu a história de As Joias Desaparecidas em um caderno espiral que foi guardado durante muitos anos. A aventura, que se mantinha inédita, ganhou, este ano, uma bela edição pela Global Editora. O livro conta com o texto original editado por um dos filhos de João Carlos Marinho, Beto Furquim, acompanhado de belas ilustrações de Mauricio Negro. A caprichada publicação inclui, ainda, notas de contextualização histórica e uma seção sobre a vida e a obra do autor, além de uma reprodução do caderno espiral em que o autor escreveu essa história quando criança. João Carlos Marinho nasceu no Rio de Janeiro em 25 de setembro de 1935. Passou parte da infância em Santos, depois São Paulo e Suíça. De volta ao Brasil, formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em 1969, publicou o livro O Gênio do Crime, que se tornou um clássico da literatura infantil brasileira, superando a marca das 70 edições. Dali em diante, foram surgindo os outros livros da Turma do Gordo, totalizando um conjunto de 13 títulos. Pelo livro Sangue Fresco, recebeu o Prêmio Jabuti e o Grande Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Diálogo Existência Experiência – Meus poemas essenciais

Diálogo Existência Experiência – Meus poemas essenciais (Universo de Letras, 2023) é o 33º livro de Pedro Sevylla de Juana. Segundo Manuel de la Puebla, doutor em Estudos Hispânicos e professor de Literatura na Universidade de Puerto Rico, o livro impacta pela intensidade do pensamento e pelo domínio da linguagem: “O autor reúne no presente livro o trabalho dos últimos dez anos e a filosofia destilada no alambique da vida, somando-se às vanguardas poéticas atuais. O livro não é fácil de classificar. Pertence ao ensaio devido à natureza da exposição, disseminada em numerosos fragmentos. À filosofia, pela visão e julgamento da realidade. E pertence à poesia – a classificação que o autor prefere – porque muitas das ideias são poéticas em si e por configurar uma entidade poética, a exibem e modelam, e porque o fazem na linguagem mais original e apropriada: a das imagens, novas, frescas, audaciosas; sem importar a forma aparente de prosa dos parágrafos.” Nascido em Valdepero (Palencia, Espanha), em março de 1946, Pedro Sevylla de Juana começou a escrever livros aos doze anos. Publicitário, conferencista, articulista, poeta e ensaísta, reside em El Escorial. É membro correspondente da Academia Espírito-santense de Letras. Recebeu, entre outros, os prêmios: Relatos de la Mar (1997), Ciudad de Toledo (1999), Internacional de Novela Vargas Llosa (2000).

Judy: O arco-íris é aqui

Para as comemorações do centenário do nascimento de Judy Garland, em 2022, Flávio Marinho levou ao palco a peça Judy: O arco-íris é aqui, cujo texto recheia as páginas deste livro (Editora Imago). A narrativa procura mostrar a notável capacidade do ser humano em se reinventar e se descobrir, apresentando uma Judy Garland raramente vista, interpretada por uma das mais talentosas atrizes brasileiras: Luciana Braga. A proposta é surpreender o público, fazendo-o tentar adivinhar o que virá a seguir – na medida em que não se trata de uma narrativa cronológica, linear. Segundo o roteirista Rodrigo Fonseca afirma na orelha da obra, Marinho estrutura um “puzzle” de biografia primoroso. Flávio Marinho explica, na contracapa: “Longe de tentar mimetizar os jeitos e trejeitos da Judy, atriz e cantora, o espetáculo assume um tom de ambiguidade em que a própria trajetória de Luciana – desde criança perseguida por ser ‘parecida com Judy Garland’ – estará em cena.” Flavio Marinho tem na bagagem mais de 90 espetáculos entre peças, musicais, shows. Nesses anos todos, escreveu 26 peças, adaptou 22, traduziu 23 textos, foi redator e colaborador em mais de 30 programas de TV, escreveu o roteiro de 13 shows, tem 19 livros publicados, 7 prêmios e 12 indicações.

Vivências educacionais – De educador para educador

Uma diversidade de práticas e experiências na docência, como um todo, são apresentadas em Vivências Educacionais – De educador para educador (Ed. Cajuína), de Silas Corrêia Leite. A obra, com quase 200 páginas, apresenta um conteúdo importante sobre a relação professor-aluno, professor-clientela social, professor-educador, professor-teoria e prática, servindo de uma espécie de “mosaico de vivências”, passando momentos alegres e interessantes, além de fatos curiosos, casos interessantes, mesmo para o conceito didático-pedagógico. A obra tem apresentação da educadora Querte Teresinha Mehleke. Na introdução, o autor fala sobre a “missão de lecionar” e da partilha do percurso: “‘Práticas educacionais vivenciadas’, como inventário de partilhas, é quase um testamento-testemunho de um tempo, de um lugar, de uma regência de mais de vinte anos em escola pública e particular.” Professor, poeta, jornalista comunitário e conselheiro diplomado em direitos humanos, além de blogueiro premiado. Venceu alguns concursos literários com seus romances, pensagens (pensamentos-mensagens), pensadilhos (pensamentos–trocadilhos,) e críticas literárias. Premiado, entre outros, no Concurso Lygia Fagundes Telles para professor escritor, promovido pela Secretaria de Educação do Governo do Estado de São Paulo. Criador do primeiro livro interativo da rede mundial de computadores, o ebook de sucesso O Rinoceronte de Clarice, que foi destaque na grande mídia.

Sereno mundo azul

Sereno Mundo Azul (Ed. Global, 2023) é o primeiro livro inédito publicado depois que a autora Marina Colassanti recebeu o Prêmio Machado de Assis – o mais tradicional e importante do país – pelo conjunto de sua obra, este ano. As histórias concebidas pela autora para este livro indicam o encantamento entre as volúveis fronteiras do real e imaginário. As belas ilustrações de Elizabeth Builes sintonizam-se com a intensa sensibilidade da escrita de Marina. Uma narrativa marcante, tecida pela composição imaginativa dos cenários, com relações intensas entre as personagens, numa linguagem penetrante que envolve coração e mente. Uma das mais premiadas escritoras brasileiras, com livros de destaque em todos os segmentos, Marina Colassanti nasceu em Asmara, na Eritreia, viveu em Trípoli, percorreu a Itália em constantes mudanças até transferir-se com a família para o Brasil. Pintora e gravurista de formação, é também ilustradora de vários de seus livros. Foi publicitária, apresentadora de televisão e traduziu obras fundamentais da literatura. Jornalista e poeta, publicou livros de comportamento e de crônicas. Por sua produção extensa, para crianças, jovens e adultos, recebeu numerosas premiações. Elizabeth Builes é artista plástica colombiana formada pela Universidade Nacional da Colômbia. Venceu, entre outros, o Prêmio Tragaluz de ilustração em 2013.

Bernardo Sayão

Em Bernardo Sayão – Caminhos, afetos, cidades (Ed. do Autor, 2023), o escritor e jornalista Sérgio de Sá reúne memórias de bravura e pioneirismo entrelaçadas ao destino do país. Com a agilidade do jornalismo, unida à precisão do texto acadêmico na mesma medida da graciosidade literária, a vida e a obra de Bernardo Sayão (1901-1959), engenheiro mito da fundação de Brasília, são recontadas com paixão e rigor, revelando memórias que somam humanidade, grandeza, obstinação e esperança. Longe de ser uma biografia, o livro de 257 páginas funciona como uma série de crônicas sobre a vida do engenheiro que ficou conhecido pela construção da rodovia Belém-Brasília e pela morte trágica, mas foi também um pioneiro da interiorização do Brasil e uma figura chave na construção de Brasília. Com capa, projeto gráfico e diagramação de Luciano Mendes, fotos de Danielly Ramos e Patrick Grsoner, Sérgio de Sá reuniu lembranças e momentos decisivos da vida do avô, amado e reverenciado pelo povo como herói, já na sua época de candango, que servia de inspiração e esperança para os que lutavam na construção do Brasil. Sérgio de Sá nasceu em Brasília, em 1970. Crítico literário, professor associado na Faculdade de Comunicação da UnB, é autor, entre outros, de Roberto Corrêa – caipira extremoso.