Setembro - 2023- Edição 295

Maria na Terra de Meus Olhos

Maria na Terra de Meus Olhos (Ed. Rocco), de Oscar Araripe, foi publicado em 1975, com prefácio do saudoso acadêmico Antonio Houaiss. O filólogo não poupou elogios ao autor (chamando-o de “aedo, cantor, cantador, poeta, narrador, possesso possuído de outro possesso, vital e ‘literário”) e à obra: “Não é sem razão que a sacralidade, não apenas verbal, que impregna este canto de rebeldias a um tempo a Zoe, a Eros e a Thánatos, das magias e dos mistérios primevo-vivos, aos helênicos e aos pré, aos bruxedos medievais com toques de feitiçarias de todos os quadrantes, é uma mescla arcaica e viva, com fórmulas verbais divinas de par com solturas de vivências escatológicas e fresceninas cotidianas e prefiguradoras.” Na orelha, mais aplausos de outro acadêmico. Eduardo Portella sentenciou: “Não se fala sobre a linguagem; fala-se a partir dela.
O texto é simultâneo: narrativa-poema. Carrega consigo a percepção cortante – profundo corte – do homem e das coisas.” Oscar Araripe nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de julho de 1941. Pintor, desenhista, escritor, ensaísta, crítico e teórico de Arte e Cultura, arte-educador, periodista e animador cultural, é, entre outros títulos, Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais

Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, de Cora Coralina, chega, agora, em sua 24ª edição pela Global Editora com novo projeto gráfico e tratamento editorial. Fazem parte desta obra alguns dos poemas de maior destaque da carreira da autora goiana, como Minha cidade, Antiguidades e Becos de Goiás. Poemas que falam com delicadeza e simplicidade sobre personagens e locais do cotidiano de Cora Coralina.
A edição mantém vivos alguns tesouros em forma de textos complementares, como Cora Brêtas – Cora Coralina, de J. B. Martins Ramos e a apresentação de Oswaldino Marques: Cora Coralina, Professora de Existência. Ao longo das 240 páginas, são apresentadas ilustrações e gravuras de locais apresentados na obra e que marcaram a vida da autora.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas (18891985), nome de batismo de Cora Coralina, nasceu em Goiás, em 1889. Embora escrevesse desde moça, tinha 76 anos quando seu primeiro livro foi publicado, e quase noventa quando sua obra chegou às mãos de Carlos Drummond de Andrade – responsável por sua apresentação ao mercado nacional. O cotidiano e as inquietações humanas são temas constantes em sua obra, considerada por vários autores um registro histórico-social deste século.

O Homem que Calculava

Com mais de 2 milhões de exemplares vendidos no Brasil, O Homem que Calculava (Ed. Record), de Malba Tahan, ganhou nova capa e prefácio do professor e tradutor Mamede Mustafa Jarouche para sua 109ª edição.
Usando a Matemática de forma leve e cativante, Malba Tahan (pseudônimo do professor Júlio César de Mello e Souza) relata as incríveis aventuras de um genial calculista persa – o viajante Beremiz Samir – com o dom intuitivo da Matemática, cujas soluções fantásticas para problemas aparentemente insolúveis se tornaram lendárias na antiga Arábia, encantando reis, poetas, xeques e sábios.
O livro vem sendo consumido com muito interesse há várias gerações. Apresentando a Matemática de forma divertida, Malba Tahan uniu ciência e ficção, com talento e imaginação, criando personagens e situações de grande apelo popular nessa obra-prima da literatura infantojuvenil. O escritor árabe Malba Tahan é o pseudônimo do brasileiro Júlio César de Mello e Souza. Nascido no Rio de Janeiro, em 1895, Mello e Souza formou-se em Engenharia e foi nomeado professor do Instituto de Educação, onde lecionou Matemática, Literatura Infantil e Folclore, tornando-se professor catedrático. Seu primeiro título foi Contos de Malba Tahan, entre muitos outros. Nos anos 1940, criou a “Universidade do Ar” — programa pioneiro de ensino a distância. Dedicou a vida à educação. Morreu em Recife, em 1974.

Agulha de Coser o Espanto

Agulha de Coser o Espanto (Área de Criação, Teresina, 2023) é o 12º livro do poeta e ensaísta parnaibano Diego Mendes de Sousa.
Com 100 páginas, dividido em três partes (Agulha de coser o Ridículo, Agulha de coser o Tempo e Agulha de coser o Amor), a publicação conta com belíssimas ilustrações de Iri Santiago. A obra tem prefácio da saudosa acadêmica Nélida Piñon (1937-2022), que elogia o fazer poético do autor: “Diego Mendes Sousa tem o dom para sondar a natureza como matéria poética. Escrever, para ele, é também mágico.”
Na contracapa, o acadêmico Carlos Nejar, “o poeta do Pampa brasileiro”, afirma que a poesia de Diego Mendes Sousa “canaliza forte amor à terra natal”, por meio da “presença marítima, com temas que se entrelaçam, harmonicamente, como o amor, a morte, a solidão, a miséria, o limite”. Comemorando vinte anos de carreira literária, iniciada aos treze anos de idade na cidade de São Luís do Maranhão, o poeta, cronista, crítico literário e memorialista Diego Mendes de Sousa (1989) é autor, entre outros, de Divagações (2006), Metafísica do Encanto (2008), Fogo de Alabastro (2011), Candelabro de Álamo (2012), Velas Náufragas (2019), Fanais dos Verdes Luzeiros (2019) e Rosa Numinosa (2022).

Uma Janela para Euclides

Uma Janela para Euclides (Ed. Patuá), de Jorge Eduardo Magalhães, conquistou o primeiro lugar no Concurso Literário Internacional da União Brasileira de Escritores – RJ (Prêmio Oduvaldo Vianna Filho, 2022), na categoria dramaturgia. Ambientada no Rio de Janeiro, a obra sintetiza em texto teatral uma grande história – a tragédia da Piedade – que vitimou o escritor Euclides da Cunha, em 1909. A trágica morte do escritor é narrada de forma criativa, através da casa de uma família formada por quatro mulheres, vizinha do local onde o autor de Os Sertões foi assassinado. Dali, as vizinhas discutem sonhos e frustrações, além de vivenciar o assassinato cometido por Dilermando.
No posfácio, Ricardo Cravo Albin, presidente do PEN Clube do Brasil, elogia: “Despido do peso de teses acadêmicas sobre assuntos até hoje debatidos, o autor vai fixando com leveza, ao longo dos diálogos das quatro mulheres, o cenário psicológico que resultou na trágica manhã daquele 15 de agosto de 1909.” Jorge Eduardo Magalhães nasceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de fevereiro de 1972. É pós-doutor em Letras, ensaísta, romancista, contista, cronista e autor teatral. Membro da Academia Luso-Brasileira de Letras, do Pen Clube do Brasil e do Instituto Internacional Cultura em Movimento, é autor de várias obras e conquistou diversos concursos literários.

Perdas & Ganhos

Perdas & Ganhos (Grupo Editorial Record), bestseller da saudosa gaúcha Lya Luft, morta em 2021, foi relançado em edição comemorativa pelos 20 anos da publicação, com prefácio inédito de Fabrício Carpinejar. O livro ficou 113 semanas consecutivas no topo dos mais vendidos da revista Veja, foi traduzido para 13 países e vendeu quase um milhão de exemplares. Em 2015, foi adaptado para os palcos, em um monólogo de Nicette Bruno, com direção de Beth Goulart.
O sucesso de vendas no Brasil e no mundo reforça a universalidade da mensagem, que reúne temas como encontros e desencontros, a passagem do tempo, a infância, a maturidade e a velhice, as dificuldades do convívio amoroso, as relações familiares, a interrogação da morte e da própria vida.
Lya Luft estreou com o romance As Parceiras (1980), seguido de vários outros sucessos editoriais. Com O Tigre na Sombra (2012), venceu o Prêmio da Academia Brasileira de Letras em 2013. Sua obra foi traduzida em muitos países. Formada em Letras Anglo-Germânicas e com mestrados em Literatura Brasileira e Linguística Aplicada, foi professora titular de Linguística (1970- 1980). Depois disso, dedicou-se unicamente à tradução e à sua literatura. Faleceu em 2021, em Porto Alegre, aos 83 anos.