Junho - 2023 - Edição 292

Memórias de Teresa de Jesus

Vinte e um anos depois de lançar Memórias Póstumas de Teresa de Jesus, Martinho da Vila reescreveu e atualizou a obra, resultando em Memórias de Teresa de Jesus, que saiu pela Editora Malê. O clássico Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, inspirou Martinho. As Memórias de Teresa de Jesus são histórias reais da família Ferreira, contadas pela saudosa mãe do artista. A biografia familiar, narrada na voz da personagem, mas escrita pelo autor, se baseia em memórias subjetivas, o que lhe imprime um caráter coletivo. Através dela, é possível contar o Brasil por meio das histórias das famílias negras. Na contracapa, Vagner Amaro, editor da Malê, faz um convite aos leitores: “Memórias de Teresa de Jesus se abre como um jogo literário interessante. Aprender com o passado e melhorar o futuro, a ancestralidade reside nos três tempos, passado, presente e futuro. Que as Memórias de Teresa de Jesus sirvam de estímulo para que outras famílias se contem. O convite está feito, uma vez que o prazer de leitura deste livro é garantia certa.” Membro da Academia Carioca de Letras, entre outras instituições, Martinho da Vila, aos 85 anos, é autor de livros em vários gêneros.

Divina Rima

Divina Rima: Um diálogo com a Divina Comédia, de Dante Alighieri (Ed. Sulina, 2021), de Gilberto Schwartsmann, com belíssimas ilustrações de Zoravia Bettiol, o autor faz uso da terza rima, como Dante, na esperança de motivar o leitor a mergulhar no texto original. A obra de Dante, como explica Schwartsmann, é uma construção alegórica, didática, moral, teológica e, ao mesmo tempo, poética. As páginas desse livro procuram explicar algumas de suas referências e metáforas. No prefácio, o acadêmico Antonio Carlos Secchin faz um convite à leitura: “Divina rima é uma declaração de amor àquilo que de divino o humano contém: a capacidade de ir além de si, transcender-se pelo caminho da arte.” Um dos principais oncologistas do país, Gilberto Schwartsmann, diretor da Biblioteca Pública Estadual de Porto Alegre, é professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Membro da Academia Nacional de Medicina, notável colecionador literário, é autor, entre outras publicações, do livro A Amante de Proust, Frederico e Outras Histórias de Afeto e Meus Olhos. Zoravia Bettiol é artista plástica, designer e arte-educadora. Participou de exposições individuais e coletivas, em bienais, trienais e mostras internacionais (1955 a 2021). Suas obras estão em acervos dos principais museus e centros culturais do mundo.

Classe de ’61 – Colégio Santo Inácio

Os textos reunidos por Joaquim Falcão e José Luiz Alquéres na publicação ´61 – Classe de ´61 – Colégio Santo Inácio apresentam não apenas uma coletânea de recordações individuais, mas resultam num importante registro de um momento da vida do tradicional Colégio, que marcou época na cidade do Rio de Janeiro. Na apresentação, os organizadores da obra, publicada em outubro de 2011, comemoram os 50 anos de formados, valorizando a alegria de estarem juntos, novamente, nos relatos: “Os depoimentos, artigos, confissões e desabafos que estão neste livro se constituem, no seu conjunto, naquilo que Aloisio Magalhães – inspirador de muitos de nós – valorizava como uma das mais nobres manifestações culturais de uma sociedade: o zelo pela sua memória, pelos seus saberes, e nós acrescentamos, também, o resgate de sentimentos e de emoções, algumas profundamente guardadas.” Ilustrado com fotos da turma, documentos, medalhas, carteirinhas e outras imagens do Colégio, o livro reúne textos, além dos organizadores Joaquim Falcão e José Luiz Alquéres, dos ex-alunos José Antonio Nonato, Reynaldo Mora, José Barbosa Mello, Guilherme de Noronha Dale, Sergio Perazzo, Paulo Malta Lins e Silva, Luiz Paulo Horta e Paulo Sérgio Pinheiro. Todos aprenderam, entre outras lições, “o significado do que é ser amigo, ter amigo, valorizar a amizade.”

Depois da Chuva

Depois da Chuva (Ed. Ouro sobre Azul, 2023) marca a estreia de Clarisse Escorel nas letras, reunindo uma série de crônicas originais, de agradável leitura. As boas-vindas a essa acuidada publicação têm assinatura da acadêmica Ana Maria Machado, que afirma, na orelha da obra: “Clarisse Escorel nos chega com pleno domínio de seu ofício. Credenciada por um bom texto, limpo, sensível e na medida justa. E munida de olhar atento, faro fino e bom ouvido. Esses elementos lhe garantem a capacidade de bem observar a realidade a seu redor e captar com acuidade sua própria reação a esses estímulos, num saudável equilíbrio entre as claves objetiva e subjetiva – a corda bamba onde se equilibram os melhores cultores do gênero.” Nascida no Rio de Janeiro, neta do sociólogo, crítico literário e professor universitário Antonio Candido (1918-2017), Clarice é formada em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestre em direito internacional pela Universidade de São Paulo (USP). Desde 2019 se dedica à literatura, tendo como mestres o Prof. Luiz Antonio de Assis Brasil e Fabrício Corsaletti. Publicou seu primeiro conto, “Boleia”, em abril de 2022 pelo selo Pé de Amora. Depois da Chuva é seu primeiro livro.

A Noite em que Dei Autógrafo a Belchior

A Noite em que Dei Autógrafo a Belchior (Vitalia, 2023) é a vigésima publicação de Edmílson Caminha. A obra reúne 30 textos escritos com a já famosa excelência literária do autor. O cronista lembra o encontro com o compositor e cantor que dá nome ao título, à mesa de um restaurante, em Fortaleza; acompanha Érico Veríssimo na saga de O Tempo e o Vento, anda a cavalo com Guimarães Rosa pelas veredas do grande sertão; mergulha nos diários de Francisco Brennand, além de escrever sobre Dom Pedro II, Santos Dummont, Oscar Niemeyer e Saint-Exupéry, entre outros. Professor, jornalista e escritor, Edmilson Caminha nasceu em Fortaleza, Ceará. Há mais de 30 anos radicado em Brasília, é membro da Academia Brasiliense de Letras, PEN Clube do Brasil e do Observatório da Língua Portuguesa, em Lisboa. Entre as obras publicadas, Villaça, Um Noviço na Solidão do Mosteiro (1998); Drummond, a Lição do Poeta (2002); Rachel de Queiroz, a Senhora do Não Me Deixes (2010); Em Memória de Drummond (2012); A Solidão no Programa do Jô (2019) e O Romancista que Não Matou Brizola (2022). Na opinião do crítico literário Manoel Hygino dos Santos, “Edmílson Caminha é um dos mais conceituados e aplaudidos articulistas do Brasil”.

Baque

Baque (Ed. 7 Letras, 2023), livro de estreia de Tom Orgad, reúne uma coletânea de textos do jornalista israelense radicado no Brasil. Os escritos vieram como resultado do espanto com algo totalmente diferente de sua realidade de origem. O Baque – uma série deles, na verdade – se deu, literalmente, a partir da mudança para o Brasil. O autor dedicava-se ao estudo de cultos xamânicos para seu doutorado, quando decidiu sair em campo. Sua primeira parada no país foi no Acre, onde se apaixonou pelos ritmos brasileiros. Nascido numa família de músicos, sendo ele próprio violonista, encantou-se pelo violão de sete cordas. Do Norte do país, rumou para o Rio de Janeiro, berço do gênero, onde se aprofundou nos estudos da música, passando a conciliar os trabalhos no jornalismo com o de músico. A série de contos mistura ficção e realidade, invenção e memória, em narrativa fluida e bem-humorada. Tom Orgad (1981) é jornalista, escritor e violonista radicado no Brasil desde 2015. Trabalha como correspondente da Kan, rádio estatal israelense na América Latina. É integrante do conjunto de samba Casa de Marimbondo e, como músico, já dividiu o palco com grandes nomes do gênero, como Nelson Sargento (1924-2021), Tia Surica, Teresa Cristina, Moacyr Luz, entre outros.