Setembro - 2023 - Edição 295

Maria Firmina dos Reis

(São Luís, Maranhão, 11 de março de 1822 – Guimarães, 11 de novembro de 1917) Escritora brasileira. É considerada a primeira romancista negra do Brasil. Ela publicou em 1859 o livro Úrsula, considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil. O romance conta a história de um triângulo amoroso no qual os personagens são pessoas negras que contestam o sistema escravocrata. Em 1887, publicou na Revista Maranhense o conto “A Escrava”. Maria Firmina dos Reis participou da vida intelectual maranhense: colaborou na imprensa local, publicou livros, participou de antologias e, além disso, também foi musicista e compositora. Ao ser admitida no magistério, aos 22 anos de idade, sua mãe queria que fosse de palanquim receber a nomeação, mas a autora optou por ir a pé, dizendo a sua mãe: “Negro não é animal para se andar montado nele.” Também escreveu um “Hino da Abolição dos Escravos”. Descreveu-se, em 1863, como tendo “uma compleição débil, e acanhada” por conta disso, “não poderia deixar de ser uma criatura frágil, tímida, e por consequência, melancólica”. Era reservada, acessível, sendo estimada pelos alunos e pela população da vila: toda passeata de moradores de Guimarães parava em sua porta, ao que davam vivas e ela agradecia em discurso improvisado. Maria Firmina dos Reis morreu cega e pobre, aos 95 anos, na casa de uma ex-escrava, Mariazinha, mãe de um dos seus filhos de criação.

Gregório da Fonseca

Gregório Porto da Fonseca, engenheiro militar, poeta, biógrafo, ensaísta e conferencista, nasceu em Cachoeira, RS, em 17 de novembro de 1875, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 23 de abril de 1934. Terceiro ocupante da Cadeira 27, eleito em 16 de julho de 1931 na sucessão de Dantas Barreto e recebido pelo acadêmico Alcides Maya em 29 de outubro de 1932. Fez estudos elementares na cidade natal. Desde cedo amava os livros e gostava de poesia. Com quinze anos de idade, trabalhando como caixeiro, recitava sonetos de Olavo Bilac à hora da sesta e quando não houvesse fregueses a atender, e por isso foi demitido do emprego. Abandonou o comércio e buscou seguir a carreira militar. Estudou engenharia na Escola Militar de Porto Alegre. Ali se ligou ao poeta Aníbal Teófilo e publicou o volume de poesias Templo sem Deuses (1907). Transferiu-se para o Rio de Janeiro, aproximando-se dos escritores da época, entre eles Olavo Bilac. Preterido no exército, mais de uma vez, apesar de ser engenheiro, reformou-se como tenente-coronel. Foi diretor da Secretaria da Presidência da República durante o governo Getúlio Vargas, 4 de novembro de 1930 a 23 de abril de 1934. Quando faleceu, foi sucedido pelo escritor Ronald de Carvalho. É patrono da cadeira 30 da Academia Rio-Grandense de Letras. Pertenceu à roda de literatos em torno de Alcides Maia, no Rio de Janeiro, da qual participou também Lima Barreto.

Luís Guimarães Filho

Diplomata, poeta, cronista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 30 de outubro de 1878, e faleceu em Petrópolis, RJ, em 19 de abril de 1940. Filho de Luís Guimarães, o poeta lírico que também foi diplomata e ministro do Brasil em Lisboa, e fundador da cadeira nº 31. Estudou na Universidade de Coimbra, onde recebeu o grau de bacharel em Filosofia em 1895. Em setembro de 1901, foi nomeado secretário do Congresso Pan-Americano do México. Em 1902, foi nomeado, por concurso, segundo secretário de legação em Buenos Aires. Também foi segundo secretário de legação em Montevidéu, Tóquio e Pequim; conselheiro de legação em Havana e Berna; encarregado de negócios em Tóquio, Pequim, Havana e Berna; ministro plenipotenciário em Caracas, São Petersburgo, Montevidéu e Haia; promovido a embaixador, ocupou o posto em Madri e na Cidade do Vaticano. Colaborou na imprensa, sobretudo na Gazeta de Notícias e no Correio da Manhã. Desde o primeiro livro de poesias, Versos Íntimos, publicado em 1894, seu livro de crônicas Samurais e Mandarins, publicado em 1912, logrou grande êxito literário. Era membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Real Academia Espanhola e de várias associações culturais brasileiras e portuguesas. Recebeu as mais altas condecorações nos países em que viveu. Segundo ocupante da cadeira 24, foi eleito em 17 de maio de 1917, na sucessão de Garcia Redondo, e recebido pelo acadêmico Paulo Barreto (João do Rio) em 19 de julho de 1917.