Novembro, 2023 - Edição 297

Nobel de Literatura 2023

O prêmio Nobel de Literatura 2023 foi concedido ao dramaturgo norueguês Jon Fosse, “por suas obras de teatro e prosa inovadoras que dão voz ao indizível”, destacou a Academia Sueca. Considerado um dos grandes autores de sua geração, Fosse, de 64 anos, é celebrado por transitar entre a prosa e a poesia, o ensaio e a ficção, o teatro e os títulos infantis. Sua obra é permeada por investigações existenciais sobre a morte, o amor, a fé e o desespero.

Pelo prêmio, Jon Fosse vai receber 10 milhões de coroas suecas (4,7 milhões de reais). O norueguês já frequentava as listas de apostas do Nobel há mais de uma década e passou as últimas semanas no topo da lista do “Nicer Odds”, um dos principais sites de apostas do Reino Unido.

Estreante na literatura em 1981, sua obra já foi traduzida para mais de 50 idiomas. No Brasil, tem dois livros publicados: Melancolia (Tordesilhas, 2015), que narra a jornada tortuosa de um personagem real, o pintor norueguês Lars Hertevig (1830-1902); e É a Ales (Companhia das Letras, 2023), que narra as reminiscências de Signe, uma mulher cujo marido (Asle) desapareceu após sair de barco em um fiorde. O livro Brancura deverá chegar às livrarias nos próximos dias. É protagonizado por um homem que começa a dirigir sem rumo até uma floresta, quando é interrompido pela neve. Outros títulos do autor serão lançados em 2024.

Nascido em Haugesund, em 1959, Fosse se define como “um cara esquisito”. Ele sofreu um acidente grave, aos 7 anos, que quase lhe custou a vida, admitindo que a experiência deixou marcas profundas em sua escrita. Formado em Literatura Comparada na Universidade de Bergen, ex-integrante de uma banda de rock, escreveu seu primeiro texto – uma canção – na adolescência, afirmando: “Para mim, escrever é escutar. Um ato mais musical que intelectual.”

Com frequência comparado a Samuel Beckett (1906-1989), Fosse já chamou o escritor e dramaturgo irlandês de “pai literário”. Para homenagear o autor de Esperando Godot deu o título de Alguém Vai Vir a uma de suas Peças, que se tornou célebre.

Por Maria Cabra