Agosto, 2023 - Edição 294

A paixão da imagem

Não é exagero dizer que o público que visitou a exposição A Paixão da Imagem, do artista plástico Mario Mendonça, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, saiu apaixonado. Considerado o maior artista brasileiro de arte sacra contemporânea, Mario Mendonça ofereceu aos visitantes a oportunidade de apreciar a ligação luminosa do artista, que sempre se dedicou à figura do Cristo, com o sagrado.

Segundo o acadêmico mineiro, escritor e curador de arte Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto, Mendonça “identifica-se no retrato do Senhor tornado espelho da alma”. As telas apresentadas trazem as quatro faces de Cristo de grandes dimensões, sob o impacto de uma “transposição mística”: “A visualidade concebida pelo artista evidencia o domínio técnico, mas emerge de uma força interior movida pelo primado espiritual”, elogia Angelo Oswaldo.



Mario Mendonça nasceu no Rio de Janeiro em 6 de agosto de 1934. Pintor e desenhista autodidata, formou-se em Direito, mas nunca exerceu a profissão: a arte falou mais alto. Na década de 60, frequentou cursos de pintura de Ivan Serpa e Aluisio Carvão no Museu de Arte Moderna, e de modelo vivo com Caterina Baratelli.

Suas principais exposições individuais no exterior foram em Nuremberg, 1989; Paris, 1988; em 1987, Sophia – onde Mario Mendonça e Candido Portinari representam a pintura brasileira na Bulgária; Roma, 1982; Madrid, 1979; e em 1970, Portugal e Berlim. No Brasil, entre as individuais mais significativas, estão: “34 Quixotes – desenhos”, em 2005, comemorando os 400 anos da obra de Cervantes na Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro; em 2004, retrospectiva da obra do artista na Galeria Cândido Portinari, da UERJ. Em 2000, inaugurou a primeira mostra do milênio no Museu Nacional de Belas Artes. Em 1985, a Fundação Roberto Marinho e a Arquidiocese do Rio organizaram exposição, com 115 quadros, na Casa do Bispo.



dros, na Casa do Bispo. Na lista dos diversos templos em que trabalhos de sua autoria podem ser encontrados, acham-se a Igreja da Ressurreição, entre Copacabana e Ipanema, e a Capela do Bom Jesus da Pobreza, em Tiradentes. Nesta, a Via Crucis revela a originalidade dos recortes praticados na sequência narrativa que há quase dois mil anos motiva os artistas.

Com várias medalhas de honra e prêmios nacionais e internacionais por seu trabalho, teve obras escolhidas para compor acervos importantes, como o do Vaticano, o do Museu Ibero Amerikanishes Institut (Berlim), o do Museu Nacional de Belas Artes, os de palácios de governos no Estado de Minas Gerais e o do Palácio do Planalto, em Brasília. É membro das Academias Brasileira de Arte (ABA) e de Belas Artes e conselheiro de cultura da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Considerado o maior artista brasileiro de arte sacra contemporânea e um dos poucos representantes do gênero nas artes plásticas na atualidade, Mario Mendonça figura nas obras Art in Brazil – from beginnings to modern times, publicado pela Biblioteca do Congresso, em Washington; Via Sacra da Justiça, de Leonardo Boff; Arte Brasileira, de Walmir Ayala; e Le Brésil par ses Artistes, Editora Nórdica. Ilustrou os livros Branca Dias – O Martírio, Dom Quixote para Crianças e O Alienista, de Arnaldo Niskier, e a adaptação de A Escrava Isaura (Bernardo Guimarães), feita por Manoela Ferrari.

Dividido entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, em 2011, inaugurou o Instituto Mario Mendonça, em Tiradentes. Uma das mais importantes coleções de arte contemporânea do Estado mineiro, o Instituto oferece ao público a apreciação de cerca de mil obras de arte contemporâneas, brasileiras e estrangeiras, além da maior exposição de pinturas de Mário Mendonça, reconstituindo o percurso de quase 50 anos de carreira.

Por Maria Cabral