Maio, 2023 - Edição 291

Rembrandt e seu médico

O holandês Rembrandt Harmenszon van Rijn, conhecido mundialmente como Rembrandt, simplesmente, foi um dos extraordinários pintores flamengos do medioevo. Entre os séculos XV a XVII, a região de Flandres reuniu verdadeiros expoentes da pintura mundial, entre eles Rubens, Anthony van Dick, Jacob Jordaens. O que se pretende registrar é a figura do médico de Rembrandt – Ephraim Bueno! Ephraim Bueno, um judeu nascido em Figueira de Castelo Rodrigo, na região raiana, a limitar Espanha e Portugal, que se chamava Martim Álvares Bueno, antes do seu batismo como cristão-novo, que veio tornar-se figura proeminente na comunidade judaica no período setentista.

Durante duas décadas, foi médico da família de Rembrandt, após doutorar-se na francesa Bordeaux e veio a ser retratado por duas vezes por ele, que eram amigos e estudiosos da Medicina de Hipócrates. Uma das pinturas, aqui está!

A influência de Ephraim junto ao seu amigo e dileto médico, vê-se numa famosa tela de Rembrandt, denominada The Anatomy Lesson of Dr. Nicolaes Tulp.

Importante, ainda, é que o Concelho da Figueira de Castelo Rodrigo transformou a casa de Martim, como é chamado, também, o ilustre médico sefardita, num monumental museu descritivo da odisseia judaica na Península Ibérica, quando os cristãos-novos foram perseguidos pela Santa Inquisição, promovida pela Igreja. A presença judaica em Portugal, expulsa pelos Reis Isabel, de Castela e Fernando de Aragão, pelo tratado de Alhambra, em 31 de julho de 1492, monarcas que tinham como Confessor o Inquisidor Tomás de Torquemada – dominicano de Ávila.

A presença judaica no mundo e em especial na Península Ibérica foi fundamental para a história civilizacional lusitana, que recebeu gênios de todos os talantes das judiarias, a proporcionar gigantescos progressos na medicina, navegação, cultura e um despontar dos descobrimentos no mundo.

Por |José Carlos Gentili, membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.