Abril, 2023 - Edição 290

Festa da Penha agora patrimônio cultural dos capixabas

Maior evento religioso do estado do Espírito Santo, a Festa da Penha na sua 453ª edição desse ano acontecerá no período de 09 a 17 de abril, com o tema Com Maria, Chamados a Servir, tendo na sua identidade visual símbolos capixabas, com destaque para o colibri, frutos do café e cacau, como também a imagem de fiéis em romaria. A Festa acaba de conquistar um importante reconhecimento por meio da Lei Nº11.721, sancionada pelo governador Renato Casagrande, em 21 de dezembro de 2022, que declara a Festa da Penha patrimônio cultural do Estado do Espírito Santo. Além do significado religioso que tem para o Estado, é uma das mais importantes festas para o movimento turístico capixaba, crescendo a cada ano, devido a data ser feriado estadual. É a terceira maior festividade mariana do Brasil e, neste ano, os organizadores acreditam na participação de mais de 1,5 milhão de fiéis. A Festa da Penha em Vila Velha, é um patrimônio histórico-cultural-imaterial de grande relevância nos quase 500 anos de história do município canela-verde, e dos capixabas.

O crescimento da população e o incentivo das igrejas contribuíram para o sucesso da Festa da Penha nestes 453 anos ininterruptos. Fiéis de vários pontos do Estado chegam para as festividades, além das caravanas: dezenas de ônibus saem de cidades do interior do estado em direção a Vila Velha, lotados de católicos que desejam participar do evento, que voltou a ser feriado estadual. Segundo alguns historiadores, o Convento propriamente dito, foi fundado em 1651 praticamente 80 anos depois da morte do irmão leigo franciscano Pedro Palácios, que havia chegado em Vila Velha nos anos 1558, e construiu no alto da Penha um oratório (ermida), onde colocou a estampa de Nossa Senhora das Alegrias, e escultura em madeira de Nossa Senhora da Penha, que mandara vir de Portugal. A festa teve um início muito simples em 1571 com pequenos grupos de fiéis organizando e realizando as missas em homenagem a Nossa Senhora.

No final do século XVI, a então governadora da Capitania do Estado do Espírito Santo, Dona Luísa Grinalda (ou Grimaldi), fez a doação do Outeiro da Ermida das Palmeiras (Monte da Penha) para os religiosos, através de Título Colonial de Doação. Importante lembrar que não foi frei Pedro Palácios que construiu o Convento, mesmo porque não tinha atribuição para decidir por essa fundação, e aqui estava sozinho, tendo chegado já um ancião para a época, com cerca de 58 anos de idade. A obra do Convento contou com trabalho de devotos, de indígenas e de escravos africanos, existindo lá inclusive uma senzala que chegou a ter 60 serviçais, que atuavam também na manutenção. Foi a partir de 1639 que o então Guardião do Convento da Penha, Frei Paulo de Santo Antônio, transformou a então ermida em altar-mor e começou a construir a igreja que, com o passar dos anos foi se ampliando com a construção do Convento, e em 1750 tomou a forma arquitetônica de Cidadela Medieval, única construção desse tipo no Brasil.

Por Manoel Goes Neto, escritor, diretor no IHGES e subsecretário de Cultura de Vila Velha.