Março, 2023 - Edição 289

Glória nas alturas

A jornalista Glória Maria é um ícone da profissão, reconhecida como inspiração para mais de uma geração de mulheres negras. Causou comoção nacional a morte da jornalista Glória Maria, no dia 2 de fevereiro. Considerada um dos maiores símbolos do jornalismo brasileiro, Glória não resistiu a um tratamento de câncer de pulmão, com metástase no cérebro. Afastada da apresentação do Globo Repórter desde agosto do ano passado, a jornalista estava com a saúde debilitada em função da doença.

Diagnosticada com câncer em 2019, ela passou por imunoterapia, com bons resultados. Na sequência, descobriu que havia tido metástase no cérebro e passou por cirurgia, bem-sucedida. Em meados do ano passado, foi submetida novamente a tratamento, após descobrir novas metástases cerebrais. Apesar de não revelado o ano de nascimento (apenas dia e mês, 15 de agosto), indícios apontam que ela morreu aos 73 anos. Deixou duas filhas, Maria (15 anos) e Laura (14).

Trabalhando na TV Globo desde 1970, a carioca foi a 1ª repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional. De 1998 a 2007, apresentou o Fantástico e, desde 2010, integrava a equipe do Globo Repórter. Pioneira e ícone da profissão, é reconhecida como inspiração para mais de uma geração de mulheres negras.
Ao longo de cinco décadas de carreira, Glória Maria Matta da Silva mostrou mais de 100 países em suas reportagens e protagonizou momentos históricos. Entrevistou chefes de Estado e celebridades como Michael Jackson e Madonna.
Também cobriu a Guerra das Malvinas, em 1982; a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista, em 1996; os Jogos Olímpicos de Atlanta, também em 1996; e a Copa do Mundo de 1998, na França.
Na TV Globo, passou ainda por Bom Dia Rio, RJTV, Jornal Hoje, Fantástico e Globo Repórter, último programa do qual fez parte.
Nascida no Rio, filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos e sempre se destacou.

No início da juventude, Glória Maria também chegou a conciliar os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUCRio) com o emprego de telefonista da Embratel. Em 1970, foi levada por uma amiga para ser radioescuta da Globo do Rio. Naquele tempo sem internet, ela descobria o que acontecia na cidade ouvindo as frequências de rádio da polícia e fazendo rondas ao telefone, ligando para batalhões e delegacias. Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo. A estreia foi na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. A partir de 1986, Glória Maria integrou a equipe do Fantástico, do qual foi apresentadora de 1998 a 2007. Ficou conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos. Após dez anos no Fantástico, tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria e Laura e, ao retornar à Globo, em 2010, pediu para integrar a equipe do Globo Repórter, último programa do qual fez parte. Vai deixar saudades

Por Manoela Ferrari