Dezembro, 2022 - Edição 286

Silviano Santiago vence o Camões

O ensaísta e poeta mineiro Silviano Santiago, aos 86 anos, venceu o Prêmio Camões 2022, um dos maiores reconhecimentos da literatura em língua portuguesa. A 34ª edição do prêmio, organizado pelos governos de Portugal e do Brasil, dará ao vencedor 100 mil euros. O júri responsável pela escolha é formado por representantes do Brasil, de Portugal e de países africanos de língua oficial portuguesa.

Antes do Camões, o ocupante da cadeira 13 da Academia Mineira de Letras venceu seis vezes o prêmio Jabuti e recebeu o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, além de ser premiado com o José Donoso, do Chile.

Com a escolha, ele se tornou o 14º brasileiro a fazer parte de um seleto grupo de grandes nomes como Jorge Amado (1994) e os portugueses José Saramago (1995) e António Lobo Antunes (2007), entre outros. O último vencedor do país foi o cantor Chico Buarque, em 2019. Nascido em Formiga (MG), em 1936, o romancista, ensaísta, poeta e um dos maiores críticos literários do Brasil tem mais de trinta obras publicadas. Iniciou sua carreira em 1954, fazendo críticas para uma revista de cinema. Bacharel em Letras Neolatinas pela Universidade Federal de Minas Gerais, doutorou-se em Letras francesas pela Universidade de Paris (Sorbonne), em 1968, com tese sobre “Os moedeiros falsos”, de André Gide. Recebeu o Prêmio Jabuti em 2017 e o Prêmio Oceanos, em 2015.

Entre seus principais livros, destacam- -se os romances Stella Manhattan, Em Liberdade e Machado. Em seu livro mais recente, Menino sem Passado, o autor relembra a infância no interior de Minas Gerais, em uma narrativa contundente.

O escritor destaca o impacto da leitura na vida das pessoas: “A literatura é extraordinária porque é pluridisciplinar”, afirma. “Desde que seja um leitor motivado, que consiga dar sentido aos livros lidos, você passa a ter uma visão e um conhecimento de mundo extremamente ricos.”

Segundo o júri do Prêmio Camões, “Silviano Santiago é um pensador capaz de uma intervenção cívica e cultural de grande relevância, com um contributo notável para a projeção da língua portuguesa como língua do pensamento crítico, no Brasil e fora dele.” Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Doutor Honoris Causa pela Universidade do Chile (2013) e pela Universidade Tres de Febrero, de Buenos Aires (2014), o premiado escritor vive, atualmente, no Rio de Janeiro.