O poeta e as cataratas

Lavaste minha alma
Com a brancura de tuas águas
Enquanto corria livre feito
Criança descalça pelo meu
Viajante coração

Vim de tão longe
Mas valeu apena
Nosso encontro foi
Amor à primeira vista
Puro êxtase
Estado pleno de gratidão

Tu me olhaste
Como olhaste a todos
Do teu jeito
Mas eu não tive medo
Por que teria?
Se entre nós, desde sempre,
Sempre houve honesto e
Profundo respeito

Foi por isso que
Não usaste de tua força
Para acariciar meu rosto
Pelo contrário, tocaste a
Minha face com a suavidade
De tuas pequenas gotículas
Que bailavam suspensas no ar...
Desenhando perfeito arco-íris
Que de tão lindo foi logo
Hipnotizando meu olhar

Eu ali diante de ti
Molhado da cabeça aos pés
Juntei as mãos em devoção
E num sacrossanto ato de fé
Agradeci à Mãe Natureza
Pela grandiosidade de tua rara beleza

E foi assim
Eu em ti e tu em mim
(poeta e água, água e poeta)
Que na brevidade de um silêncio
Tecido em oração nos abraçamos
E nos despedimos deixando para sempre
Um no outro, parte da alma e também do coração

Por Poetamigo, Peilton Sena – membro da Academia Santista de Letras e da Academia de Letras e Artes de Praia Grande/SP